tiago.

segunda-feira, 3 de março de 2014


"Que nunca o cabelo se canse das mãos, pois é o louco pelo orgasmo o único dos sãos. Que nenhum ai seja o da dor, que todos os uis sejam de calor – e que eu seja o pecador e nunca o senhor. Que haja o prazer a cada momento, que haja motivos para me perder no tempo – e que eu prefira o fim sempre que me pedem o assim-assim. Que só o amor seja excessivo, pois se não for excessivo nem sequer é amor. Que só a paixão seja pateta, pois se não é pateta nem sequer é paixão. Que só o suor me escorra no peito, que só a língua me magoe com jeito – e que eu saiba que a vida é apenas aquilo que aproveito. E que se ame agora como se não houvesse depois, e que se ame o durante como se não houvesse após – e que mesmo sozinho eu me deite em nós. E que haja masturbação, penetração, pulsão, tesão, comunhão, dedicação, fornicação e todos os prazeres que nem no dicionário estão – porque só vale a pena o que nem tem denominação. E que todos os dias haja um novo “preciso”, e que a todas as horas haja um destemido “quero” – e que eu prefira o insano ao infeliz do austero. E que nunca seja tarde demais para um “vem”, cedo demais para um “mereço” – e que eu mande bugiar o controlado e prefira o possesso. Que nunca o quase seja uma ambição, que nunca não tentar seja admitido – e que o orgulho maior seja pelo que está caído.  Que nunca o cabelo se canse das mãos, pois é o louco pelo orgasmo o único dos sãos."

Pedro Chagas Freitas

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